terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Opala 1974 (idêntico ao da foto)


As Aventuras com o Opalão Preto
Abandonado na garagem da casa de um amigo de faculdade, aquele Opala 1974 preto era o carro que meu pai procurava para comprar. Sem funcionar o motor a tempos, foi só jogar gasolina e girar a chave que o danado roncou. Mais uns ajustes, um belo banho e o carro parecia novo. Aquele câmbio em cima, ao lado do volante, pra mim era novidade. Com duas aulas do meu pai lá estava eu, dirigindo aquele carro macio, parecendo uma banheira, 3 marchas, banco dianteiro inteiriço, todo original. Minhas idas à faculdade com ele nunca foram "comuns". Todos olhavam, eu passava bem devagar em frente ao portão do campus, com o rádio ligado e o braço pra fora. Era muita emoção. No trânsito podia ir devagar, ninguém nunca businou irriquieto. Certa vez, estava indo pelo Canal 1, aqui em Santos, quando um Mercedes para ao meu lado, no semáforo (que eu me lembre a placa era SFC 7777). Vidros escuros, aos poucos foi abrindo e percebi que o motorista era o Marcelo Teixeira, presidente do Santos. Sorrindo, ele disse:
Que bonito! Que ano é?
É 74.
74?! Parabens, belo carro.
Obrigado!, finalizei, enquanto o semáforo abria. Pra quem conhece o Marcelo Teixeira, sua voz perguntando o ano e me parabenizando não deixaram dúvidas quanto a sua identidade e simplicidade. Outra vez, em pleno Canal 2, com alguns amigos meus (o Maykon e o Roberto, se não me engano), fui fazer uma reversão para pegar a outra mão da pista. Com o farol ligado, assim que fiquei de frente para a praia, sentadas no banco da calçada duas mocinhas da noite, uma abaixada, saia suspensa, fazendo seu xixizinho sossegada às 2,00h da madrugada. Quando vi a cena, meus braços pararam de fazer a curva, fui reto por uns 2 ou 3 metros, o farol do Opala iluminando a mocinha, deu pra ver todo o seu instrumento de trabalho, só deu tempo de ver ela mandando um beijo pra nós e girar o volante pesado do Opalão antes de subir na calçada. Uma buzinadinha de despedida e fomos embora, boquiabertos. Em 2003 meu pai vendeu o Opalão preto. Antes, ainda fomos com ele no enterro da minha avó, em São Paulo. O carro que levava o corpo era uma Caravan, logo em seguida vínhamos nós, com o Opala. Foi um dos carros que mais me deixou lembranças.
Breve Histórico
Apresentado ao público no Salão do Automóvel de São Paulo em 1968, foi produzido durante 23 anos e 5 meses, ou seja, até 1992, sendo o primeiro automóvel de passeio da GM no Brasil. Durante sua trajetória, foram fabricados versões de motores de 4 e 6 cilindros, versões luxo e básicas, esportivos e também em 2 e 4 portas. Foi derivado do Opel alemão, e aliava conforto e qualidade na suspensão, sendo eleito o carro da ano em 1972 pela revista Autoesporte. Seu estilo ganhou as ruas tanto pela população quanto por várias instituições, como governos e polícias, e também serviu como ambulâncias, táxis, entre outros. Hoje é um dos carros mais cultuados por colecionadores, e o último Opala produzido foi em 16 de abril de 1992, totalizando 1 milhão de veículos no Brasil. À época, muitos admiradores se mobilizaram frente à fábrica em São Caetano do Sul/SP, para protestar. Este último Opala está hoje no Museu da Tecnologia da Ulbra, em Canoas/RS.
Filmes com Opala
Cidade de Deus, Brasil, 2002
Meu Nome Não é Johnny, Brasil, 2008
Cazuza, O Tempo Não Pára, Brasil, 2004
Iracema, Uma Transa Amazônica, Brasil, 1976

3 comentários:

  1. Para nós (a galerinha que também andava nesse Opalão) todas as saídas em turma foram experiências riquíssimas. E até mesmo coisas que acontecerem no velho gol "quadrado" eu tendo a pensar que são lembranças do tempo do Opala. Tempos que não voltam, mas que ficarão pra sempre na memória afetiva da "tchurma"
    Um abraço

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  2. Victão, quer dizer que tenho um seguidor internacional! Abraço.

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