sábado, 17 de outubro de 2009

Série Jamanta: Chevette


Lançado no Brasil em 1973, o Chevette era um dos 4 carros que faziam parte da carga da Jamanta da Estrela, em 1975. Sedan de duas portas, só mais tarde ganharia a versão 4 portas. Lançado também nas versões hatch, perua e pick up, Chevette Hatch, Marajó e Chevy, respectivamente. Dos motores que equiparam o veículo, temos as versões 1.4 e 1.6, carburação simples e dupla, movidos a álcool e gasolina, e a versão 1.0 do Chevette Junior. De lembranças desse carro, tenho algumas. Minha estréia no Pacaembu foi com um Chevette 1975 branco, do meu primo, Corinthians 3X1 Xv Piracicaba, em 23 de fevereiro de 1986, gols de Chulapa, Wilson Mano e Dicão. Se eu não me engano o gol do XV foi do Paulo, e o árbitro foi o Dulcídio Wanderley Boschillia, para um público de 15100 pessoas (é claro que consultei o Almanaque do Timão, do meu amigo Celso Unzelte). Outra lembrança, é o Chevette prata 1980 da minha tia, que teve ele desde zero Km até 2002. Hoje ela tem um Corsa, e apesar de seus 75 anos, lúcida, ela afirma com seu sotaque espanhol: o Chebette era melhor. Mas a lembrança mais engraçada é de um amigo meu do Correio. Em um certo jogo do Santos na Vila Belmiro, no começo dos anos 80, ele foi com o Chevette amarelo 1976 de seu pai e estacionou em uma ruazinha próxima ao estádio. Desligado que é até hoje, esqueceu a chave no contato e foi ver o Peixe jogar. Ao fim do jogo, saiu do estádio e entrou em uma rua, não vendo o carro. Revezando as mãos entre a lata de cerveja e os bolsos da calça jeans, lembrou que esqueceu a chave no carro e entrou em desespero. Roubaram o carro, pensou. E agora, como contar pro velho, seu pai?! Não teve dúvidas, foi ao 2º DP e registrou a ocorrência. Ainda sem coragem de enfrentar o pai, resolveu tomar mais uma cerveja e foi para um bar perto da Vila, onde o sinistro havia acontecido. Andando da delegacia até o bar passou por uma rua e deu de cara com o Chevette amarelo, com a chave no contato. Sua alegria foi tanta que continuou seu caminho até o bar, pra comemorar, desta vez trancando o carro e levando a chave. O pior da história é que o B.O. ficou registrado, e um dia foi parado pela Polícia dirigindo o carro. Foi liberado. Ainda bem que não era ele um ladrão, senão saíria ileso. O último modelo do Chevette saído da fábrica foi em 12 de novembro de 1993, já como modelo 1994, totalizando cerca de 1,6 milhões de automóveis produzidos.
Fonte: blogdovargaschevetteiros.blogspot.com

sábado, 3 de outubro de 2009

Série Jamanta: Passat


Acostumada com a geração a ar, a Volkswagem lançava enfim um carro com motor refrigerado a água no Brasil, o Passat. O nome é derivado de um vento que sopra na Europa, como inclusive muitos outros automóveis como o Santana e o Bora. Seu lançamento foi em setembro de 1974 e era considerado o carro mais moderno do país. O público levou um tempinho para acostumar a ver um VW refrigerado à água com naturalidade, mas aos poucos essa pulga atrás da orelha foi saindo. Seu sucesso foi incontestável, seu estilo juntava características esportivas e clássicas, e sua tecnologia estava bem à frente de tudo que conhecíamos nacionalmente. O Passat que me recordo bem era um modelo 1977, bege, de um tio. Em 1977, ainda morando em São Paulo e prestes a completar 5 anos, meu pai decidiu mudar para São Vicente. Ou melhor, decidiram por ele. A mudança foi trazida por um caminhão, juntamente com meu pai que conhecia o dono. Eu, minha mãe, o Mimi (um gato bege), meu avô e meu tio viemos no Passat, juntamente com objetos e roupas que couberam tranquilamente no porta-malas do Passat, amplo e jeitoso. O Mimi veio dentro de uma caixa de papelão. Lembro muito bem de alguns detalhes dessa época, apesar da pouca idade. O mês era agosto, ano em que um tal de Elvis faleceu, apesar de dizerem até hoje que ele não morreu. O meu tio chegou na minha casa, em São Paulo, e o carro brilhava. Meu impulso de garoto foi se esticar para espionar o carro pelo vidro da janela. Lindo, novinho, cheiroso. Entramos e seguimos viagem pela pista da Anchieta, ouvindo Roberto Carlos no rádio. Meu pai já havia saído, bem mais cedo. O Passat, nas sinuosas curvas da Anchieta era um espetáculo, deixávamos vários carros para trás (meu tio gostava de pisar, ainda mais com um carro novinho daqueles), contei muitos Fuscas, DKWs, Corcéis, que eu olhava pelo vidro traseiro ficando distantes. Chegamos a 140 km/h sossegado, com aquele motor dianteiro longitudinal, de 4 cilindros em linha (diferente dos outros VW), com comando de válvulas no cabeçote acionado por correia dentada com 65 cv de potência e 1.5 litros de cilindradas. Quando chegamos em São Vicente o choque foi inevitável. O lugar era muito pobre, com ruas de terra e esgoto a céu aberto. Crianças pobres juntaram para ver o carro novinho e algumas não contentes em ver com os olhos colocavam as duas mãos nos vidros, deixando marcas pegajosas, curiosas. Parecíamos ETs desembarcando em algum planeta distante. Nem sinal do meu pai, e não porque o Passat era veloz e eficiente nas curvas, com tração dianteira e juntas homocinéticas, que davam melhor desempenho à direção, mas porque meu pai e o dono do caminhão gostavam de "conversar" em botecos bebendo alguma coisinha. Chegaram de noite, enquanto eu, minha mãe, meu avô, meu tio e o Mimi havíamos comido no chão, e eu havia dormido em cima de algumas roupas depois de chorar até não aguentar mais. Quando meu tio foi embora, ainda ouvi o barulhinho gostoso do motor 1.5 do Passat, e até hoje tenho um carinho especial por esse carro. Sua produção foi interrompida em 2 de dezembro de 1988, com aproximadamente 600.000 veículos produzidos e muitos fãs espalhados pelo mundo.
Fonte:
www2.uol.com.br/bestcars/classicos/passat
Foto: Juliano Vetachi