sábado, 27 de junho de 2009

Brasília e Michael Jackson


Meu pai teve muitas "Brasilias". Entre tantas de tantas cores e modelos, pois ele tinha oficina e trocava muito de carro, lembrei-me de uma modelo 1978, cor de creme (bege Jangada, se não me engano), parecida com a da foto, que tínhamos desde 1982. Uma coisa que sempre gostei de fazer quando moleque foi ficar ao volante, girando-o sem parar, imaginando curvas e obstáculos, mal alcançando nos pedais. A noite ficava mais emocionante, com o painel ligado. Ficava horas brincando de motorista. Outra coisa que gostava de fazer era ouvir fitas k7 dentro do carro, imaginando viagens por estradas paradisíacas. Lembro-me de um colega do meu pai que vendia fitas k7 gravadas (já existia pirataria em 1982, sim) e meu pai comprava fitas aos montes. De muitas que ouvi dentro de carros (Roberto Carlos, Benito di Paula, Nelson Gonçalves, Julio Iglesias), lembrei da fita do Michael Jackson que ouvi dentro dessa Brasília creme 1978, nesse início dos anos 80. Lembro como se fosse ontem, talvez pela idade que eu tinha na época (10 anos, mais ou menos) ou pelo poder da música negra dançante do cara. Thriller já havia estourado nas rádios, e seu clipe já havia passado no Fantástico. Era a febre do momento. Beat It, Billie Jean, Baby Be Mine eram sucesso absoluto entre todos. Nas escolas nós, a molecada, dançávamos arrastando nossos Kichutes e Bambas para trás, como se dançássemos na lua. Todos colocavam a mão na virilha, fazendo movimentos ritmados para frente e para trás com o quadril. Era energia pura. Lembro como se fosse hoje o dia em que ouvi a fita do Michael dentro da Brasília creme. Fiquei encantado, e ouvi a fita umas duas ou três vezes sem parar, viajando por estradas desconhecidas. Recordo que ouvi muitas vezes a música The Girl Is Mine, com o Paul McCartney, e foi a que mais me comoveu. Mas era impossível não gostar de quase todas, era eletrizante, simplesmente hipnotizante. De todas as Brasílias que meu pai teve essa marcou um pouquinho mais. Simplesmente porque eu tinha 10 anos (mais ou menos) e ouvi a fita k7 do Michael Jackson nela. Parece bobinho (como diz um amigo meu), mas essas coisas marcam. Talvez por isso eu tenha chorado quando soube que o cara da fita morreu, aos 50 anos, deixando essas e outras lembranças para quase o mundo inteiro. E para não esquecer, a Brasília foi fabricada no Brasil entre 1973 e 1982 pela Volkswagem, foi um grande sucesso de vendas (apesar de não ser muito vista hoje em exposições) e sua produção foi interrompida graças principalmente à chegada do Gol, em 1980.
Ouça a música The Girl Is Mine:
Veja o comercial de TV da Brasília:

sábado, 13 de junho de 2009

Curtas: Gordine


Fundada em 26 de abril de 1952, a Willys-Overland do Brasil obteve licença do governo para, no final de 1958, fabricar o Dauphine no Brasil. Em outubro de 1959, com investimento de 12 milhões de dólares na época, a empresa americana e a Renault, dona da marca, apresentaram o carro oficialmente. Idealizado pelo francês Amédée Gordini, chegou para competir com o DKW-Vemag e o velho Fusca, sucesso absoluto na época. O modelo brasileiro era muito semelhante ao original francês, com alguns detahes distintos como capô, faróis e para-choques. O desempenho do carro era modesto, porém aceitáveis para seu tempo. Com peso de 650kg, tinha certa agilidade no trânsito, porém para chegar a 100km/h eram necessários 30s, e sua máxima era de 115km/h. Pouco para um carro tão pequeno. O forte do motor era o consumo, chegando a rodar 15km/l, e em 1962 foi lançado um motor um pouco mais potente, de 32cv a 5200 rpm, que chegava a 40cv brutos, alcançando mais de 120km/h, o que deixava o Fusca para trás, não alcançando, entretanto, a durabilidade do concorrente. A popularidade do VW e certa maldade na época chegaram a compará-lo a um leite em pó solúvel, cujo comercial dizia: "desmancha sem bater". Outras versões foram lançadas, como o esportivo 1093 que tinha motor de 42cv, ruído característico, suspensão rebaixada e pneus radiais, além da versão econômica, apoiada pelo governo, mas que não evitaram a suspensão de sua produção em 1968, com 74.620 unidades vendidas, e a venda da fabricante para o grupo Ford, que passaria a comercializar o Corcel. Muito interessante o comercial da época, onde um garotinho, tirando sarro do amiguinho, afirma que "o carro da mamãe é mais bonito". Confira:


Fonte:

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Curtas: VW 1600 (Zé do Caixão)


Lançado no Brasil em 1968 com o objetivo de concorrer com a linha Corcel da Ford, o VW 1600, ou Zé do Caixão, teve apenas 3 anos de vida. Sedã de 4 portas médio, oferecia maior conforto e maior capacidade de carga para a família em relação ao Fusca, com a mesma mecânica já conhecida e confiável da fábrica alemã. Favorito entre taxistas, não alcançou o mesmo sucesso com o público em geral, sendo produzidas menos de 25000 unidades. Com motor traseiro de 1600cc refrigerado a ar, com 58 cv de potência, chegava aos 135 km/h. Suas formas quadradas renderam-lhe o apelido de Zé do Caixão, o personagem de José Mojica Marins, famoso por seus filmes de terror. Seu sucesso atual junto a colecionadores repete a história de muitos outros automóveis que não foram bem sucedidos em vendas à sua época, chegando alguns modelos em bom estado de conservação a preços bem elevados. Veja um raro comercial brasileiro de lançamento do VW 1600:
http://video.google.com/videoplay?docid=-3213378500928443261&q=vw1600&ei=RM9HSPmdEoqcrwLGi_CqDA
Fontes:
vw1600.blogspot.com
oficinavw.blogspot.com