sábado, 2 de janeiro de 2010

Feliz 2010.

A todos que de alguma forma me acompanharam nesse ano passado, desejo um ótimo ano de 2010. Por alguns meses ficarei sem novas histórias, sem novas postagens, sem novas fotos. Voltarei em breve com novidades. Abraço a todos.

domingo, 15 de novembro de 2009

Série Jamanta: Maverick


O primeiro emprego ninguém esquece. Lembro-me como se fosse hoje quando cheguei na Auto Vidros Londrina para trabalhar como vendedor de vidros de carro. Com apenas 15 aninhos, nada sabia eu da vida e de suas artimanhas. O empego era moleza, eu atendia o público no balcão, estocava as peças e os vidros nas prateleiras, ajudava o pessoal da oficina. O pessoal era muito engraçado, brincávamos o dia inteiro, e às vezes brigávamos também. Era muito divertido, como se fôssemos uma família, e até hoje sonho que estou trabalhando lá. O salário é um caso à parte, mas vamos falar de coisas boas. Lembro que a recepção do pessoal quando eu cheguei foi muito legal. Meu pai era amigo do dono, o Nílson, e foi ele quem me arrumou o trampo. No primeiro dia fiquei muito quieto, normal quando não se conhece ninguém. Lá só trabalhava homem, apenas uma menina que ficava no caixa, a Marinusa, uma negrinha simpática, sobrinha de um sargento do exército, o Custódio, que servia no 2ºB.C. de São Vicente, que ficava bem em frente à loja. Sempre que entrava alguém novo eles gostavam de zoar, uma espécie de trote, como mandar comprar tesoura de cortar vidro. No meu segundo dia entrou um Maverick lindo pra trocar o vidro da porta, o carro era idêntico ao da foto. Como eu sempre gostei de carros antigos, fiquei olhando o Maverick, admirando seu motor e seus detalhes. O Parada, que era o gerente, me chamou lá em cima. Pensei que ia me dar uma bronca por ficar olhando o carro, mas ele apenas me deu um dinheiro e falou bem sério o seguinte: "Vai lá no Valgama (uma loja há uns cinco quarteirões dali) e compra uma borracha do vidro do quebra-vento do Maverick. Lado direito, não esquece". Ao lado dele, o Everaldo, o Edson, o Baiano, a Marinusa, a filha do Nílson, o Xavier, e mais uns dois ou três me olhando. Até a faxineira me olhava, querendo rir. Estranhei, mas fui na loja como ele havia me pedido. Cheguei no Valgama, fui atendido pelo vendedor e fui logo pedindo, com o peito estufado, todo orgulhoso do meu primeiro emprego: "Me vê uma borracha do vidro do quebra-vento do Maverick. Lado direito". O vendedor perguntou: "De onde você é? Da Londrina?" "Sim", disse eu. Todos riram. Pra quem não sabe, Maverick não tem quebra-vento, e o pessoal da loja já estava acostumado a fazer isso com novatos. Fiquei com a cara no chão, todo vermelho de vergonha, virei as costas sem dizer nada e voltei pra loja, puto da vida, xingando todo mundo, inclusive meu pai que me arrumou aquele emprego. Quando entrei na loja, joguei o dinheiro no balcão e fui pro banheiro, todos rindo às minhas custas. Fiquei no banheiro pensando um pouco, e quando eu saí o Parada veio e me deu um abraço, com um sorriso: "Bem vindo, garoto!". Trabalhei lá por quase 6 anos, e fiz muitas amizades que duram até hoje.
Brevíssimo histórico
O Maverick foi produzido pela Ford no Brasil entre 1973 e 1979, e apesar de não obter grande sucesso de vendas é um dos carros mais cultuados hoje em dia por colecionadores.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Série Jamanta: Puma

Algumas lembranças da minha infância e da minha juventude hoje se tornaram engraçadas. Conto-as até com certo orgulho, um orgulho estranho mas presente. Essa história, por exemplo, à época me parecia muito menos cômica do que agora. Como todos sabem (ou ao menos quem leu algumas de minhas postagens nesse blog) meu pai já teve todos os modelos de carro possíveis, desde um Santa Matilde até um Del Rey. Com o Puma não foi diferente, já passou um na mão dele. Um não, dois. Certo dia meu pai apareceu com um Puma lá em casa. Vermelho, bonito até, apesar de eu não gostar desse carro até hoje. Dei uma volta com ele, é muito baixo, desconfortável, mas é um carrinho que chama a atenção. Como meu pai bebia muito, às vezes ficava até altas horas na rua, e nesse dia particularmente ele saiu com o carrinho vermelho para os bares da vida. Quando chegava em casa, costumava deixar o carro em frente de casa, apesar de termos garagem ao lado, onde funcionava sua oficina. Esse relapso era devido à preguiça e à dificuldade em abrir o portão, pois era um portão pesado demais para uma pessoa alcoolizada. Quando eu acordei, notei um Puma estacionado, meio torto, em frente de casa. Branco, mesmo modelo do outro, o vermelho. Até aí tudo bem, meu pai deve ter trocado. Quando meu pai acordou e viu o Puma branco, levou um susto. O que aconteceu?, perguntou ele, com a cara de espanto e ressaca. Onde está o carro?, continuou ele, e foi buscar o documento pra conferir, que constava a cor, branca, a placa e o modelo. Ele havia trocado de carro de madrugada, e simplesmente não se lembrava. Após alguns minutos, sua memória recuperou os arquivos (isso ele disse) e contou que havia trocado o carro com um rapaz, que ele não lembrava o nome. Essa foi mais uma lição de vida que aprendi com meu pai, às avessas, é verdade, mas nunca me esqueço de certas coisas. Lembro ainda que esse Puma foi vendido uma semana depois, e nunca mais tivemos outro.
Breve histórico.
A Puma foi a marca brasileira que mais produziu veículos esportivos. Utilizou motores VW, General Motors e DKW, sobre um chassi com a suspensão modificada e com uma carroceria de fibra. Foi produzido durante 30 anos (de 1964 a 1993) e teve também uma linha de caminhões.
Fonte:
wikipedia.org.br

sábado, 17 de outubro de 2009

Série Jamanta: Chevette


Lançado no Brasil em 1973, o Chevette era um dos 4 carros que faziam parte da carga da Jamanta da Estrela, em 1975. Sedan de duas portas, só mais tarde ganharia a versão 4 portas. Lançado também nas versões hatch, perua e pick up, Chevette Hatch, Marajó e Chevy, respectivamente. Dos motores que equiparam o veículo, temos as versões 1.4 e 1.6, carburação simples e dupla, movidos a álcool e gasolina, e a versão 1.0 do Chevette Junior. De lembranças desse carro, tenho algumas. Minha estréia no Pacaembu foi com um Chevette 1975 branco, do meu primo, Corinthians 3X1 Xv Piracicaba, em 23 de fevereiro de 1986, gols de Chulapa, Wilson Mano e Dicão. Se eu não me engano o gol do XV foi do Paulo, e o árbitro foi o Dulcídio Wanderley Boschillia, para um público de 15100 pessoas (é claro que consultei o Almanaque do Timão, do meu amigo Celso Unzelte). Outra lembrança, é o Chevette prata 1980 da minha tia, que teve ele desde zero Km até 2002. Hoje ela tem um Corsa, e apesar de seus 75 anos, lúcida, ela afirma com seu sotaque espanhol: o Chebette era melhor. Mas a lembrança mais engraçada é de um amigo meu do Correio. Em um certo jogo do Santos na Vila Belmiro, no começo dos anos 80, ele foi com o Chevette amarelo 1976 de seu pai e estacionou em uma ruazinha próxima ao estádio. Desligado que é até hoje, esqueceu a chave no contato e foi ver o Peixe jogar. Ao fim do jogo, saiu do estádio e entrou em uma rua, não vendo o carro. Revezando as mãos entre a lata de cerveja e os bolsos da calça jeans, lembrou que esqueceu a chave no carro e entrou em desespero. Roubaram o carro, pensou. E agora, como contar pro velho, seu pai?! Não teve dúvidas, foi ao 2º DP e registrou a ocorrência. Ainda sem coragem de enfrentar o pai, resolveu tomar mais uma cerveja e foi para um bar perto da Vila, onde o sinistro havia acontecido. Andando da delegacia até o bar passou por uma rua e deu de cara com o Chevette amarelo, com a chave no contato. Sua alegria foi tanta que continuou seu caminho até o bar, pra comemorar, desta vez trancando o carro e levando a chave. O pior da história é que o B.O. ficou registrado, e um dia foi parado pela Polícia dirigindo o carro. Foi liberado. Ainda bem que não era ele um ladrão, senão saíria ileso. O último modelo do Chevette saído da fábrica foi em 12 de novembro de 1993, já como modelo 1994, totalizando cerca de 1,6 milhões de automóveis produzidos.
Fonte: blogdovargaschevetteiros.blogspot.com

sábado, 3 de outubro de 2009

Série Jamanta: Passat


Acostumada com a geração a ar, a Volkswagem lançava enfim um carro com motor refrigerado a água no Brasil, o Passat. O nome é derivado de um vento que sopra na Europa, como inclusive muitos outros automóveis como o Santana e o Bora. Seu lançamento foi em setembro de 1974 e era considerado o carro mais moderno do país. O público levou um tempinho para acostumar a ver um VW refrigerado à água com naturalidade, mas aos poucos essa pulga atrás da orelha foi saindo. Seu sucesso foi incontestável, seu estilo juntava características esportivas e clássicas, e sua tecnologia estava bem à frente de tudo que conhecíamos nacionalmente. O Passat que me recordo bem era um modelo 1977, bege, de um tio. Em 1977, ainda morando em São Paulo e prestes a completar 5 anos, meu pai decidiu mudar para São Vicente. Ou melhor, decidiram por ele. A mudança foi trazida por um caminhão, juntamente com meu pai que conhecia o dono. Eu, minha mãe, o Mimi (um gato bege), meu avô e meu tio viemos no Passat, juntamente com objetos e roupas que couberam tranquilamente no porta-malas do Passat, amplo e jeitoso. O Mimi veio dentro de uma caixa de papelão. Lembro muito bem de alguns detalhes dessa época, apesar da pouca idade. O mês era agosto, ano em que um tal de Elvis faleceu, apesar de dizerem até hoje que ele não morreu. O meu tio chegou na minha casa, em São Paulo, e o carro brilhava. Meu impulso de garoto foi se esticar para espionar o carro pelo vidro da janela. Lindo, novinho, cheiroso. Entramos e seguimos viagem pela pista da Anchieta, ouvindo Roberto Carlos no rádio. Meu pai já havia saído, bem mais cedo. O Passat, nas sinuosas curvas da Anchieta era um espetáculo, deixávamos vários carros para trás (meu tio gostava de pisar, ainda mais com um carro novinho daqueles), contei muitos Fuscas, DKWs, Corcéis, que eu olhava pelo vidro traseiro ficando distantes. Chegamos a 140 km/h sossegado, com aquele motor dianteiro longitudinal, de 4 cilindros em linha (diferente dos outros VW), com comando de válvulas no cabeçote acionado por correia dentada com 65 cv de potência e 1.5 litros de cilindradas. Quando chegamos em São Vicente o choque foi inevitável. O lugar era muito pobre, com ruas de terra e esgoto a céu aberto. Crianças pobres juntaram para ver o carro novinho e algumas não contentes em ver com os olhos colocavam as duas mãos nos vidros, deixando marcas pegajosas, curiosas. Parecíamos ETs desembarcando em algum planeta distante. Nem sinal do meu pai, e não porque o Passat era veloz e eficiente nas curvas, com tração dianteira e juntas homocinéticas, que davam melhor desempenho à direção, mas porque meu pai e o dono do caminhão gostavam de "conversar" em botecos bebendo alguma coisinha. Chegaram de noite, enquanto eu, minha mãe, meu avô, meu tio e o Mimi havíamos comido no chão, e eu havia dormido em cima de algumas roupas depois de chorar até não aguentar mais. Quando meu tio foi embora, ainda ouvi o barulhinho gostoso do motor 1.5 do Passat, e até hoje tenho um carinho especial por esse carro. Sua produção foi interrompida em 2 de dezembro de 1988, com aproximadamente 600.000 veículos produzidos e muitos fãs espalhados pelo mundo.
Fonte:
www2.uol.com.br/bestcars/classicos/passat
Foto: Juliano Vetachi

domingo, 20 de setembro de 2009


Lançada em 1975 pela Estrela, a Jamanta Comando Eletrônico foi o primeiro brinquedo com comando eletrônico de botões fabricado pela empresa. Era um caminhão cegonha que vinha com 4 carros, 1 Maverick verde, 1 Passat amarelo, 1 Puma vermelho e 1 Chevette branco. Seus botões ficavam no teto e eram a sensação da molecada (e dos pais também) pois faziam a Jamanta ir para a frente, para trás, para os dois lados e parar. Lembro até hoje do dia em que ganhei a primeira Jamanta, apesar dos 4 anos de idade que eu tinha na época (1976). Só ia dormir com muita insistência da minha mãe, e não via a hora de acordar pra brincar de novo. Eu a guardava em sua própria caixa, sem a proteção de plástico, que eu adaptei e imaginava ser uma garagem, e sempre guardava manobrando o caminhão. Juntamente com o Atari, em 1985, é o único brinquedo que recordo o momento de abrir a caixa. Em 1984 ela foi relançada, e como eu já não tinha mais a minha, meu pai comprou de novo, mas não foi a mesma emoção. Certo dia, numa feira de antiguidades, vi uma na caixa, há uns três anos atrás, depois de mais de 20 anos sem vê-la. Me espantou a simplicidade e o tamanho, pois na minha lembrança infantil era muito rica em detalhes e muito grande também. O preço também me espantou, R$ 450,00. E quase que eu compro. De tanta saudade, vou postar aqui no blog a história de seus quatro carros e de minhas lembranças desses carros quando eu era criança (faz tempo...). Aguardem.
Fontes:

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Opala 1974 (idêntico ao da foto)


As Aventuras com o Opalão Preto
Abandonado na garagem da casa de um amigo de faculdade, aquele Opala 1974 preto era o carro que meu pai procurava para comprar. Sem funcionar o motor a tempos, foi só jogar gasolina e girar a chave que o danado roncou. Mais uns ajustes, um belo banho e o carro parecia novo. Aquele câmbio em cima, ao lado do volante, pra mim era novidade. Com duas aulas do meu pai lá estava eu, dirigindo aquele carro macio, parecendo uma banheira, 3 marchas, banco dianteiro inteiriço, todo original. Minhas idas à faculdade com ele nunca foram "comuns". Todos olhavam, eu passava bem devagar em frente ao portão do campus, com o rádio ligado e o braço pra fora. Era muita emoção. No trânsito podia ir devagar, ninguém nunca businou irriquieto. Certa vez, estava indo pelo Canal 1, aqui em Santos, quando um Mercedes para ao meu lado, no semáforo (que eu me lembre a placa era SFC 7777). Vidros escuros, aos poucos foi abrindo e percebi que o motorista era o Marcelo Teixeira, presidente do Santos. Sorrindo, ele disse:
Que bonito! Que ano é?
É 74.
74?! Parabens, belo carro.
Obrigado!, finalizei, enquanto o semáforo abria. Pra quem conhece o Marcelo Teixeira, sua voz perguntando o ano e me parabenizando não deixaram dúvidas quanto a sua identidade e simplicidade. Outra vez, em pleno Canal 2, com alguns amigos meus (o Maykon e o Roberto, se não me engano), fui fazer uma reversão para pegar a outra mão da pista. Com o farol ligado, assim que fiquei de frente para a praia, sentadas no banco da calçada duas mocinhas da noite, uma abaixada, saia suspensa, fazendo seu xixizinho sossegada às 2,00h da madrugada. Quando vi a cena, meus braços pararam de fazer a curva, fui reto por uns 2 ou 3 metros, o farol do Opala iluminando a mocinha, deu pra ver todo o seu instrumento de trabalho, só deu tempo de ver ela mandando um beijo pra nós e girar o volante pesado do Opalão antes de subir na calçada. Uma buzinadinha de despedida e fomos embora, boquiabertos. Em 2003 meu pai vendeu o Opalão preto. Antes, ainda fomos com ele no enterro da minha avó, em São Paulo. O carro que levava o corpo era uma Caravan, logo em seguida vínhamos nós, com o Opala. Foi um dos carros que mais me deixou lembranças.
Breve Histórico
Apresentado ao público no Salão do Automóvel de São Paulo em 1968, foi produzido durante 23 anos e 5 meses, ou seja, até 1992, sendo o primeiro automóvel de passeio da GM no Brasil. Durante sua trajetória, foram fabricados versões de motores de 4 e 6 cilindros, versões luxo e básicas, esportivos e também em 2 e 4 portas. Foi derivado do Opel alemão, e aliava conforto e qualidade na suspensão, sendo eleito o carro da ano em 1972 pela revista Autoesporte. Seu estilo ganhou as ruas tanto pela população quanto por várias instituições, como governos e polícias, e também serviu como ambulâncias, táxis, entre outros. Hoje é um dos carros mais cultuados por colecionadores, e o último Opala produzido foi em 16 de abril de 1992, totalizando 1 milhão de veículos no Brasil. À época, muitos admiradores se mobilizaram frente à fábrica em São Caetano do Sul/SP, para protestar. Este último Opala está hoje no Museu da Tecnologia da Ulbra, em Canoas/RS.
Filmes com Opala
Cidade de Deus, Brasil, 2002
Meu Nome Não é Johnny, Brasil, 2008
Cazuza, O Tempo Não Pára, Brasil, 2004
Iracema, Uma Transa Amazônica, Brasil, 1976